O filme brasileiro escolhido para representar o país na disputa pelo Oscar é o “Pequeno Segredo”, de David Schurmann. O anúncio foi feito pela comissão especial indicada pelo Ministério da Cultura, que analisou os 16 filmes inscritos.
Cada país seleciona uma produção para uma pré-lista que concorrerá na categoria “filme estrangeiro” – semifinalistas serão conhecidos em dezembro, e os cinco indicados finais são anunciados no dia 24 de janeiro. A cerimônia de premiação do Oscar ocorre no dia 26 de fevereiro de 2017.
Veja o trailer de “Pequeno Segredo”, que estará disponível nos cinemas brasileiros a partir de 10 de novembro:
Aquarius – que era o favorito para a indicação, apontado por todos os críticos – integrou a seleção do Festival de Cannes, o maior do mundo. No Brasil, ao mesmo tempo, iniciou-se o processo que culminou, depois, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A equipe de Aquarius aproveitou a visibilidade – o festival é um dos eventos mais midiatizados do mundo – para protestar nas escadarias do ‘palais’.
O diretor Mendonça Filho, a produtora Emilie Lesclaux e os atores (Sonia Braga, Maeve Jinkins etc) participaram do protesto e sacaram cartazes com palavras de ordem do tipo – “Um golpe está acontecendo no Brasil.” As imagens foram exportadas para o mundo todo e, na sequência, a coletiva de Aquarius virou, pelo menos parcialmente, um acontecimento político.
Começou ali, também, por parte do governo, uma série de trapalhadas na área da cultura. O presidente, que ainda era interino, ameaçou extinguir o Ministério da Cultura, e voltou atrás. Interveio na Cinemateca Brasileira, e voltou atrás. A todas essas, no quadro de polarização que dividia a sociedade brasileira, as redes sociais passaram de apoio e repúdio ao que o diretor Mendonça Filho definiu como ‘um gesto’, não propriamente um protesto, de sua equipe (e dele próprio). Mais tarde, estourou como uma bomba a impropriedade do filme até 18 anos – que depois, também, foi revista pelo governo.
Diretores importantes, como Gabriel Mascaro, de Boi Neon, e Anna Muylaert, de Mãe Só Há Uma, anunciaram que estavam retirando seus filmes da disputa em solidariedade, ou respeito, ao filme de Kleber Mendonça Filho, reconhecendo sua superioridade.