
Se é pra ser controverso, desafiador e provocativo, vamos chamar M. Night Shyamalan. O diretor, que muitas vezes acerta e agrada, como em “O Sexto Sentido”, “Sinais” e “Fragmentado”, pode usar e abusar das suas experimentações e, às vezes, não satisfazer tanto, como em “O Último Mestre do Ar” e “Fim dos Tempos”. Seu último longa, “Tempo”, em cartaz nos cinemas, é criativo, disruptivo e fantasioso, como ele bem gosta… Porém, é tanta informação e tanta expectativa espalhada para o espectador que a assimilação da história vai sendo afetada.
Estrelado por Gael Garcia Bernal, “Tempo” acompanha uma família de férias de verão em uma ilha paradisíaca e completamente afastada da civilização. Quando chegam em uma praia ainda mais deserta, algo estranho começa a acontecer: todos passam a envelhecer assustadoramente rápido, anos inteiros passam em questão de minutos. Assim, do nada, as crianças viram adolescentes e idosos morrem rapidamente. Eles, então, precisam descobrir o que está acontecendo de macabro na ilha antes que suas vidas cheguem a um apressado fim.
A forma como Shyamalan apresenta o cenário e seus personagens é surpreendentemente cativante. Em alguns minutos, há uma mudança na percepção do significado da ilha: de paraíso à prisão, o espaço tem uma contrastante troca de valores, e isso feito admiravelmente bem. Porém, tudo é abrupto: do clichê do mistério demasiado às reações exageradas e descomunais dos personagens.
Nesse terror criativo e desmedido, a reflexão sobre espaço, tempo e morte é presente, é inerente, é fascinante. E repito: a forma como é retratada a ambientação reforça essa reflexão e esse sufocamento extraordinário. Porém, alguns exageros poderiam ser trocados pela sensibilidade, assim como, em alguns momentos, o silêncio poderia vir no lugar do grotesco ou do excesso de explicações e respostas do final.

Veja o trailer de “Tempo”: