
Assisti ao filme “The Normal Heart”, no app da HBO Go, e foi aquele soco no estômago que ficará marcado pra sempre em minha vida! O longa do diretor Ryan Murphy, que detalha a chegada do vírus HIV entre os gays de Manhattan, nos Estados Unidos, no início da década de 80, não foi o primeiro que vi sobre o tema. Já tinha assistido, por exemplo, ao excelente “Clube de Compras Dallas”, que rendeu o Oscar aos atores Matthew McConaughey e Jared Leto, e ao chocante documentário “Cartas para Além dos Muros” (2019), que narra como foi a chegada do vírus no Brasil. Mas #TheNormalHeart foi além e, através do ótimo roteiro baseado na história real de Larry Kramer, o longa impressiona, escandaliza e surpreende ao escancarar o estigma “câncer gay” e a luta em vão dos homossexuais para receber uma ajuda do governo americano.
Na história, que se inicia em 1981, decidido a fazer com que as pessoas tomem conhecimento sobre a epidemia causada pela Aids, o escritor Ned Weeks (@markruffalo) decide ir aos diversos veículos de comunicação para falar sobre o tema. Entretanto, a raiva contida em suas declarações assustam até mesmo seus colegas na organização não-governamental que presta auxílio aos infectados. Ao seu lado, Ned conta apenas com o apoio da médica Emma Brokner (@juliaroberts), também alarmada com a gravidade da situação. Tudo se complica ainda mais quando o grande amor da vida de Ned, Félix (@mattbomer), é diagnosticado com o vírus e, como a grande maioria dos gays da época, se definha amargamente até a morte.

O foco do filme está no esforço de vários ativistas gays e seus aliados na luta para expor a verdade sobre a epidemia para uma nação que, até então, negava os fatos. Assim, a produção é daquelas que realmente foram feitas pra te chocar: mostra a realidade nua e crua de uma época em que os gays haviam acabado de conquistar sua “libertação” na sociedade, na década anterior, mas se deparam numa barreira misteriosa e mortal carregada pelo preconceito – a manifestação do vírus através de manchas na pele e do corpo esquelético indicavam um novo medo de sair do armário e, principalmente, morrer por uma doença que não se fazia ideia de como ser tratada.
Intenso e pesado, sensível e delicado, “The Normal Heart” me proporcionou uma mistura de sentimentos – da identificação imediata da luta solitária dos gays daquela época e por ninguém querer ajudá-los… e também pela perda de um grande amor! Um longa caótico, voraz, agressivo, com diálogos fervorosos, cheios de significado, e atuações brilhantes.
Assista ao trailer: