‘O Menino que Descobriu o Vento’: O inacreditável que toca o coração

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É impressionante como histórias de pobreza e miséria tocam o nosso coração. Ainda mais se essas histórias forem reais. Aí, meu querido, é lágrima certeira, reflexão penetrante, emoção precisa… Eu tenho certeza que você vai ficar assim com “O Menino que Descobriu o Vento”, filme disponível na Netflix inspirado na história real de William Kamkwamba (interpretado pelo talentoso jovem Maxwell Simba), também contada no livro homônimo de Bryan Mealer, lançado em 2009.

O drama dirigido e estrelado por Chiwetel Ejiofor (que atuou no premiado “12 Anos de Escravidão” e que agora vive o batalhador pai de William) mostra a sofrida, porém inspiradora, história de um garoto que nasceu em um vilarejo no Malauí, na África, e que cresceu vendo seus pais e seus vizinhos trabalhando como agricultores para sobreviverem. Mesmo com todas as dificuldades e a falta de dinheiro até mesmo para comprar comida, seus pais se esforçavam muito para pagar seus estudos e o de sua irmã, Annie, sempre pensando num futuro melhor para os filhos. Só que a situação piora muito quando o governo, por causa do desenvolvimento industrial, começa a comprar vários terrenos na comunidade e a derrubar árvores, o que influencia nas mudanças climáticas na região, fazendo com que tenham chuva em excesso e também longos períodos de seca.

Um triste parênteses: esta é, infelizmente, a situação real em Moçambique, em que mais de 500 pessoas morreram após um ciclone tropical devastar o território africano. Uma lamentosa demonstração de que, realmente, estamos no caminho errado e, se não agirmos com rapidez, mais tragédias assim vão acontecer.

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Voltando ao filme, por causa dessa situação caótica em uma seca jamais vista no local, nenhuma plantação consegue se desenvolver. Os recursos vão acabando, e as cenas fortes de sofrimento aumentando. Consequentemente, a família não tem mais dinheiro para os filhos estudarem. Assim, focado na vontade de ajudar, William decide estudar sozinho e, em uma pequena biblioteca local, aprende sobre engenharia e energia eólica. Desacreditado pela família e pelos amigos, ele acaba construindo um sistema de moinho e de bombeamento de água, uma inovadora turbina de vento, que transforma a vida dos moradores de sua aldeia.

Com uma fotografia espetacular, cuja luz valoriza a pele negra dos personagens e a pobreza do lugar, e atuações poderosas de todos os membros da família protagonista, o filme se completa ao exalar essa inspiração que precisa ser transmitida para que mais pessoas possam se estimular e acreditar. É muito triste perder o olhar na tela da TV e perceber que os fatores que levaram ao cenário catastrófico (o desmatamento, o avanço do agronegócio e das indústrias, o próprio descaso do governo com a população) são os que justamente levaram o povo tão humilde a passar tanta necessidade e fome. É assim no filme, é assim na vida. No filme, o brilhante William acreditou e fez uma transformação inimaginável. Porém, na vida, enquanto o mundo estiver agindo de forma inadmissível, pensando somente em seus umbigos e prosseguindo com o inexplicável, não existirão tantos Willians para salvar o inconcebível. Seguimos vivendo o inacreditável.

Assista ao trailer:

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