
O plano-sequência da primeira cena, em uma tomada na Cidade do México, em pleno Dia de Finados, em uma confusão numa espécie de desfile do dia dos mortos, já declara abertamente o que o espectador verá nas próximas duas horas e meia de filme, que é o agente 007 faz de melhor: correr, lutar, brigar, bater, vencer e conseguir tudo o que quer por meio das melhores habilidades de um espião renomado e inesquecível.
E, definitivamente, essa não é a proposta. Essa imersão no mundo do bonitão britânico deve acontecer naturalmente, sem sofrimento ou dúvidas… tal como a certeza de que ele nunca perde na primeira luta, nem na segunda, nem na terceira; de que, no mínimo, três Bond Girls vão pra cama com ele a cada longa; e de que o cara vai lutar o mais violentamente possível e terminar o embate impecável, em seu terno inglês caro sem nenhuma mancha de sujeira ou o cabelo sem nenhum fio desalinhado.
O fato é que nós sempre temos escolha: podemos assistir e mergulhar na história ou criticar e levantar da poltrona – porém, assim, perder um momento de lazer tão diferente e inovador. Sim, inovador, porque, a cada cena de perseguição ou de luta, ou a cada filme da franquia do Bond, do “Missão Impossível” de Tom Cruise ou do “Duro de Matar” de Bruce Willis, tudo é muito novo… tudo é cada vez mais inacreditável, inverossímil, surreal. Vou ser sincero: não curto muito filme de ação, não. Mas se a proposta é imergir na roleta russa do discutível e do inaceitável, por que não escolher a diversão? A vida é muito curta para não provar de todos os sabores. Mantenha seus gostos, eles são sua imagem. Mas nada melhor que literalmente viajar no mundo de um agente secreto imbatível pra perceber que você pode “voar sem ter asas, caminhar sem tirar os pés do chão, sonhar acordado, navegar em um mar de ilusão”.
Confira o trailer: