“Obsessão”

A obsessão de Ward pela notícia (ou pela verdade propriamente dita), a obstinação de Jack por Charlotte (ou por sua atenção, inclusive carnal), o tesão de Charlotte por presos (ou por um específico e insano detento) e a compulsão de Hillary por sair da prisão (ou por provar que é inocente, porém nada imaculado) é presente do início ao fim do filme. Há uma insistência em mostrar essa “obsessão”, o que não diminui o filme, só aumenta o trabalho dos atores, que dão um show de interpretação que já vale o filme – John, Matthew e Nicole já são conhecidos por excelentes atuações, e Zac parece mesmo ter saído do casulo do “High School” e desabrochado em um grande papel.
À medida que as cenas passam, e a exigência do afiado elenco aumenta, você se questiona: até que ponto vale essa obstinação? Será o fatídico e precoce fim o rumo de toda essa preocupação? Tudo bem, não estamos atuando em um filme de suspense sangrento, mas já reparou que tudo que é demais ou insistentemente compulsivo a tendência é a perda do controle? Vícios, assédios, importunação e impertinência são doenças incuráveis da sociedade que deixam cortes profundos na pele de vítimas. Muitas vezes letais. Esse é o retrato diário da capa do Super, o medo constante do sacrificado, o irremediável tormento, a patológica tortura.
Se alguém soubesse como lidar com a fixação, já teria produzido um rico manual, uma lista necessária do que ou não fazer para sobreviver, para fugir da alienação. Só quem vive uma perseguição é que sabe a dor infinita da preocupação. O que Hillary, Ward, Charlotte e Jack sentem vai muito além da obsessão: seria uma insolência teimosia em rápida absorção ou uma fanática neurose em plena evolução?